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Lua Cheia...

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Garopaba - março/2010

domingo, 24 de julho de 2011

Corruptos, analfabetos e urubus

                               Corruptos e analfabetos políticos 
                                                                                           António Ozaí da Silva
Shakespeare, célebre conhecedor da natureza humana, faz com que Ângelo, em Medida por medida, pronuncie as seguintes palavras:
“Uma coisa é ser tentado e outra coisa é cair na tentação." 
O espetáculo da corrupção enoja e torna a própria atividade política ainda mais desacreditada. Os que detestam a política – como diria Brecht, os analfabetos políticos – regozijam-se. Os podres poderes fortalecem os argumentos pela indiferença e o não envolvimento na política. É o moralismo abstrato e ingênuo que oculta a ignorância e dissimula a leviandade egoísta dos que não conseguem pensar para além do próprio bolso.
O analfabeto político não sabe que sua indiferença contribui para a manutenção e reprodução desta corja de ladrões que, desde sempre, espreitam os cofres públicos, prontos para dar o golpe à primeira oportunidade que surja. Os analfabetos políticos não vêem que lavar as mãos alimenta a corrupção. Quem cultiva a indiferença, o egoísmo ético do interesse particularista, é conivente com o assalto ou é seu beneficiário. O que caracteriza a república é o trato da coisa pública, responsabilidade de todos nós. Como escreveu Rousseau: “Quando alguém disser dos negócios do Estado: Que me importa? – pode-se estar certo de que o Estado está perdido”.
Eis o duplo equívoco: nivelar todos os políticos e debitar a podridão apenas a estes. Os políticos, pela própria atividade que desempenham, estão mais expostos. No entanto, não há corrupção, sem corruptores e corrompidos. Pois, se a ocasião faz o ladrão, a necessidade também o faz. Não sejamos hipócritas. 
Exigimos ética dos políticos como se esta fosse uma espécie de panaceia restrita ao mundo – ou submundo – da política. Mas, e a sociedade? Se o ladrão rouba um objeto e encontra quem o compre, este é tão culpado quanto aquele.
Ah! Não fazemos isto! E os pequenos atos inseridos na cultura do jeitinho brasileiro não são formas não assumidas de corrupção? Quem de nós ainda não subornou alguém? Ou não vivemos numa sociedade onde honestidade é sinônimo de burrice, de ser trouxa, etc.? E como correr o risco de ser bobo quando a sociedade competitiva premia os mais espertos, os mais egoístas, os mais ambiciosos?
A bem da verdade, o ladrão aproveita a ocasião. Quem de nós nunca foi tentado? Quem de nós não cometeu algum deslize quando se apresentou a ocasião? Quem foi tentado e não caiu em tentação? Quem conseguiu manter a coerência entre pensamento e ação, discurso e prática? Os homens são julgados por suas obras e apenas através delas é que podemos comprovar a sua capacidade de resistir à tentação. Afinal, como afirma Shakespeare: "A lei não alcança os pensamentos e as intenções são meros pensamentos".
O analfabeto político demoniza a tentação da política. Seu prêmio é a ignorância. E, muitas vezes, enojados e cansados diante do espetáculo propiciado pelos governos que se sucedem, somos tentados a imitá-lo e sucumbir à rotina do cotidiano que consome nossos corpos e pensamentos e nos oferece a substância anestésica capaz de dar a ilusão da felicidade.
Bem que tentamos ficar na superfície das aparências e nos contentarmos em, como os demais animais, simplesmente consumir e reproduzir. Mas só as bestas de todo tipo não refletem sobre a sua situação no mundo. Por mais alienado que seja, o ser humano tem condições de pensar criticamente, de compreender e de projetar seu próprio futuro. Esta pequena diferença em relação aos demais animais é que o torna o único animal capaz de produzir cultura e de fazer sua própria historia.
Não basta apenas criticar os que caem em tentação, é mister superar o comodismo do analfabetismo político. Pedagogicamente, educamos pelo exemplo. Não podemos exigir ética na política ou formar uma geração cidadã, consciente dos seus direitos e deveres e capaz de assumir a defesa da justiça social, se nossos exemplos afirmam o oposto. Afinal, mesmo os ladrões têm a sua ética. O personagem shakespeareano tem razão...


*Vale mencionar, referente ao dia 19/07 (meu aniversário, desabamento do edif. Santa Fé) a morte do Professor e comunicador Clóvis Duarte; em 1996, durante a nossa greve, o programa Câmera Dois e seu apresentador, Clóvis Duarte,  diariamente mencionava a situação dos servidores de Capão da Canoa e suas famílias. Também relatou para todo o estado, elogiando a atitude do nosso sindicato  e dos servidores, o nosso retorno ao trabalho com a nova administração, evidenciando o esforço e competência do prefeito LB, que em menos de 30 dias pagou os salários em atraso.  


* Frase do dia: O problema dos sinceros?  achar que todo mundo é...


Silvia Meister, simplesmente...

12 comentários:

  1. Pois é... tudo igual como sempre.
    Esse urubu, vai continuar sobrevoando enquanto lhe derem asas...
    Se os subalternos tomam atitudes indignas, quem tem que corrigir é o 1º. mandatário, afinal, ele sempre será responsabilizado.
    Mas, como ele não ouve e não vê, a nossa única saída é depenar o urubu na próxima eleição; se derrotaremos nosso próprio colega, paciência...
    Se ele nos tivesse apreço, não permitiria as ações nefastas. manteria na coleirinha, o povo que ele trouxe pra dentro de casa. Se não o faz, é sinal que dá valor somente àqueles; e sendo assim, que aguente as consequencias de suas escolhas.
    Mas, te anima! Para darmos adeus sorrindo e felizes para alguns, (embora sempre tenha aqueles de quem vá se sentir saudades) falta 17 meses e alguns dias.
    Quanto ao nosso colega, lamento. Vai pagar o preço por dar ouvidos somente aos nefastos.

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  2. Nunca tinha ouvido falar do autor desse texto;
    mas ele vai direto ao ponto.
    Quantos de nós, no caixa do supermercado, reclamamos quando recebemos o troco a menor, mas não devolvemos quando recebemos a maior... a nossa sociedade continua vivendo conforme a famosa lei de gerson: levar vantagem em tudo.
    E a ética, a moral, os bons costumes?
    Chegamos ao cúmulo, em que honestidade deixou de ser qualidade; e quanto mais apadrinharem, fizerem vistas grossas, mais estarão incentivando a desonestidade, a deslealdade.
    Mas, um pouco é produto dos valores que recebemos, ou da falta deles...
    Consegues imaginar de que família é produto o urubu? Quem prima pela deslealdade, quem é oportunista, não pode ter se originado de pessoas de bem... que repassaram valores morais e éticos... consegues imaginar filhos de pessoa assim?
    É por isso que o caos instalou-se pra ficar na nossa sociedade.

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  3. Tudo é uma questão de valores; os princípios básicos da sociedade que nos foram repassados e que procuramos repassar para nossos descendentes. Tu te saíste muito bem nisso. Teus filhos são exemplos.
    Se estivessem acostumados a ver-te resolver tudo no jeitinho, a não ter escrúpulos para atinjir teus objetivos, se não tivessses imposto limites, seriam iguais aquelas criaturas que tanto se manifestaram neste blog.
    Aquilo foi tão marcante pra mim, que é inesquecível. Sempre que me refiro a falta de ética, de caráter, de moralidade, de civilidade, de amor, lembro-me das criaturas.
    E hoje te digo: Não pouparam golpes para atingir seus objetivos, porque foram educadas assim (ou deseducadas?) cresceram assistindo a utilização de golpes e espertezas e hoje se utilizam dos métodos que lhes foram repassados.
    E é isso que repassarão aos seus filhos - pobres criaturas - É a cultura da indignidade que se propaga de geração à geração.
    Acredite! Se elas não tivessem recebido esse tipo de orientação, seriam diferentes.
    A Mãe deve ser um primor... bem, o Pai demonstrou bem o que é...
    E assim, nossa pobre sociedade fica cada vez mais apodrecida.
    E 90% dos Pais, esperando que a escola repasse valores, que é função da família.
    É complicado... mas, se eu pensar muito no assunto, começo a me questionar como educador...
    tipo: de que adianta repassar conhecimentos, se a base (os ensinamentos originados pelos pais) está aprodecido? Dá vontade de desistir...
    Grande beijo.

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  4. Esse texto diz tudo!
    E o quanto devemos insistir em passar as coisas corretas para nossos filhos.
    Afinal, no momento que decidimos ter filhos, temos por obrigação fazer o máximo para que sejam do bem, e isso começa dentro de casa, com o aprendizado do respeito por tudo e por todos, inclusive Pai e Mãe.
    Concordo com Ique totalmente!
    As atitudes denunciam o meio de que proviemos.
    Leia bastante sobre famílias disfuncionais, abuso emocional e pessoas perversas e publique o assunto. Verás como é interessante.
    Quanto ao urubu plantonista, lute bastante para se livrar dessa coisa... que aliás, o serviço público não merece.

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  5. Esse assunto é prá lá de polêmico...
    E muito oportuno. Me faz pensar em muitas coisas do dia a dia. Coisas que até achamos normais; é, porque passamos a banalizar a corrupção, a imoralidade e outras coisas do gênero.
    Quanto ao urubu, acho que deves ignorar.
    Se a coisa quer tanto aparecer, não medindo ações para isso, o grande lance é ignorar.
    Não se pode dar cartaz pra esse bicho lazarento.

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  6. Oi!
    Legal esse texto; mas, de ladrão, de corrupto e de louco, todos nós temos um pouco...
    Ah, não chame de urubu a pessoa horrorosa... os urubus não merecem isso!
    Vais contar o autor da piada? Que piada?
    Aquela, do TC vistoriar terreno baldio...
    Porque será que eles não olham as construções na cidade e perguntam porque está sendo construído tanto e arrecadado tão pouco, né?

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  7. Se educamos pelo exemplo, o que temos recebido publicamente através dos políticos, é como tornarmos tão safados quanto eles; é claro se tivermos as mesmas chances que eles tem, de acesso ao dinheiro público.
    Temos é que ter cuidado na hora de dispensar o nosso voto.
    Quanto a criatura do mal a nível local, é só aguardar... nem sempre haverá alguém que apadrinhe; aí, é que vamos ver...

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  8. Acho que a corrupção nasceu junto com o Brasil.
    Como não temos como recomeçar do zero, o jeito é ir amenizando, tentando reverter o processo de deterioração total da sociedade. Como? começando por nós mesmos, com nossos filhos e familiares.
    É um processo lento e difícil, mas não podemos desanimar. Se conseguirmos varrer as espertezas, os golpes, as artimanhas e o se dar bem das nossas casas, já é uma grande vitória.

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  9. Somos educados pelo exemplo... e o que estamos recebendo é péssimo. Desmontam os setores e ainda se dão o desfrute de reclamar das fiscalizações, mas é só pra fazer de conta que estão preocupados com os contribuintes.
    Então, seguindo o exemplo que temos recebido, exploda-se o mundo! e continuemos a fazer de conta!

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  10. Sentindo falta de você, de seus comentarios em meu Blog. Por andas amiga? Um abraço.

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  11. Amei de paixão o tema abordado.
    realmente temos que começar mudando nossas atitudes e revendo nossos conceitos dentro da nossa casa e no nosso local de trabalho.
    É difícil? É! Mas se não tentarmos, não teremos cumprido nosso papel de cidadãos e assumiremos definitivamente a postura de cidadãos de papel.

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O Paraíso...

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Garopaba - outubro/2010.