Clareza
Podemos escolher não tocar em determinados assuntos e tentar não permitir que eles nos toquem. Afastar os olhos, os ouvidos, o coração, o máximo possível. Podemos fazer de conta, sobretudo para nós mesmos, que não ouvimos seu pedido de atenção. Podemos nos especializar em emendar uma atividade na outra para fugir da ameaça do encontro que o intervalo sugere. Podemos atropelar a maioria dos instantes com ruídos capazes de calar a boca do silêncio.
Podemos nos anestesiar com variados recursos para evitar entrar em contato com o nosso sentimento. Mas, como uma pedrinha no sapato, ele está lá, incômodo. Podemos inventar jeitos de caminhar sem percebê-la, mas basta um pequeno descuido na nossa vigilância para notar o desconforto que ela provoca. Nosso controle costuma funcionar até a página quinze.
Uma das maneiras mais eficazes para potencializarmos nossos medos e angústias é fingir ignorá-los. Melhor puxar a cadeira, chamá-los para uma conversa amistosa, deixar que desengasguem e nos contem tudo, tintim por tintim. Melhor ouvi-los com a escuta mais atenta de que somos capazes. Terminado o papo, podemos não ter a mínima idéia do que fazer a respeito, mas há uma espécie de alívio, de esvaziamento, de serenidade, que começa com a clareza.
Ana Jácomo
* Tem dias que são assim: por mais clareza que se tenha ela ainda é pouca. Estou down hoje; muito... por todos os motivos do mundo...
* Para me desanimar mais um pouco, fui à perícia... 24 hs lotado...
*Pelo 2º dia consecutivo assisti da janela do meu quarto uma cena deprimente: no terreno baldio em frente a entrada do meu prédio, um casal e duas crianças desmontam seu acampamento onde tem pernoitado. Recolhem a barraca tipo iglu (bem pequena), arrecadam sacolas, acomodam a criança menor (deve ter +/- 4 anos) num carrinho de bebê e saem pela Av. Rudá em direção à Av. Paraguassu. Desde ontem pela manhã estou tentando que algum órgão tome providências, sem sucesso.
Ontem ao contactar o Conselho Tutelar, fui informada que não havia veículo para o deslocamento. O veículo encontrava-se em Porto Alegre, levando uma criança para teste de DNA.
Hoje pela manhã, por volta de 08:30 hs, liguei novamente, sendo informada pela atendente que o Conselheiro ainda não havia chegado. A pedido da atendente, forneci o nº do meu telefone. Enquanto isto, o casal desmontava o acampamento. As 08:44 hs., recebi ligação da atendente do Conselho Tutelar, solicitando meu endereço para que fosse fornecido a um conselheiro. Não entendo o motivo de ser solicitado o meu endereço; até agora, não me deram uma resposta. Uma pergunta interessante da atendente do CT, é se eu não havia acionado a BM.
Se o casal e filhos acamparão agora à noite no mesmo local, não sei.
Se serão adotadas as providências cabíveis, também não sei.
Sei que eu tentei...
O que posso fazer?
Evidenciar que o CT nunca teve tanto de uma administração como está tendo desta. Hoje um Conselheiro recebe mensalmente mais de R$ 1.000,00, tem direito ao mesmo cesto básico dos servidores do município, tem férias remuneradas e 13º salário como qualquer servidor tem. No dia 12/05, receberam novo veículo.
O retorno de todos estes benefícios? Pode ser que um dia venha, mas nestes dois dias o que posso dizer é que deixam muito a desejar, e me levam a assumir um compromisso comigo mesma:
Nunca mais me dar ao trabalho de sair de casa para votar para Conselheiro Tutelar.
A seguir, as fotos do casal desmontando acampamento, na manhã de hoje.
DEPRIMENTE... 31/05/2011. |
REVOLTANTE... 31/05/2011. |
TÔ REVOLTAAAADAAAA COM ISTO! 31/05/2011. |
NADA CONSEGUI FAZER... 31/05/2011. |
NÃO QUERO MAIS ASSISTIR... 31/05/2011. |
*Continuo complementando as páginas deste blog; em especial a página Bela e Santa Catarina 2011. A partir de agora, também podem ser postados comentários nas páginas, ok?
Silvia Meister, simplesmente down...